terça-feira, dezembro 25, 2007

 

Cuidado!

Qual o alpinista abriria mão de cordas dinâmicas, cadeirinhas, capacetes, sapatilhas, mosquetões, ascenders, freios ATC, friends, camelots, martelete perfurador, talhadeiras, daisies chains, estribos, nuts, pítons, chevilles, cliffs, haul bags, marretas, peckers, polias e rurps?
Planejamento criterioso da escalada, com informações o mais precisas possíveis sobre as condições de clima.
Todo este rol de providencias é necessário para a maior segurança da empreitada.
E se a expedição for ao Himalaia um bom grupo de experientes guias sherpas...
Em todas as nossas ações no dia-a-dia é necessário termos uma eficiente segurança preventiva.
O que dizer então de nossas atitudes com relação as nossas frágeis instituições?
No nosso sistema de governo, a democracia tem como uma de suas principais funções proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião; o direito a proteção legal igualitário para todos e, a oportunidade dos cidadãos organizarem e participarem plenamente da vida política, econômica e cultural da sociedade.
Meus sensores que detectam surtos de autoritarismo têm me alertado para alguns acontecimentos potencialmente muito graves.
A começar pelas violações ao exercício da atividade jornalística que continuam preocupando entidades envolvidas na defesa da liberdade de imprensa.
“Não há sociedade livre sem uma imprensa livre e independente. A liberdade de imprensa não é um bem corporativo e, sim, o exercício do direito à informação que todo cidadão brasileiro tem, inclusive por garantia constitucional”, afirma Jaime Câmara Junior, vice-presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais) responsável pelo Comitê de Liberdade de Expressão.
Maurício Azedo, presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) tem lutado contra a condenação, em primeira estância, de jornalistas e pequenos jornais, com o pagamento de vultosas ações indenizatórias que visam sufocar a livre expressão. Além do uso do poder econômico e da máquina administrativa do Estado para liquidar órgãos de imprensa oposicionistas.
Listo a seguir alguns outros fatos que chamaram a atenção, principalmente do homem comum.
Um cidadão seqüestra a namorada, é preso e processado, ficando atrás das grades por apenas três meses. Em liberdade volta a reincidir no mesmo delito. Mas desta vez mata a namorada e se mata cm um tiro na cabeça.
Por que isto acontece, pergunta atônita a opinião pública, este monstro que paira acima até mesmo das leis...
Outra: o STJ ( Supremo Tribunal de Justiça ) decide que o jornalista Pimenta Neves, réu confesso do assassinato da namorada, também jornalista, Sandra Gomide, e condenado por júri popular a 19 anos de prisão, poderá ficar em liberdade até que seja julgado um recuso. Legal? Sim. Mas injusto para milhares de brasileiros, que estão atrás das grades, condenados por crimes menores, sem recursos para arcam com bons advogados. Experimente o meu amigo Zé Povinho ser flagrado num delito qualquer e o braço da Lei cairá pesadamente sobre ele...
O pior para o arcabouço que forma as instituições vem a ser a onda política favorável a um terceiro mandato para o presidente da República, o que atrai os políticos com mandatos executivos e legislativos, que preparam-se para mais uma barganha...
E esta outra notícia de que o Brasil, que já tem 51.600 vereadores, graças a uma emenda, a ser votada na Câmara dos Deputados, poderá ter mais 7.000...
Que não farão nada em benefício da comunidade, mas receberão seus proventos religiosamente...
Pasmem mais ainda com o descontrole do Estado: o Ministério da Cultura concedeu um milionário incentivo ao internacional Cirque du Soleil, em detrimento de artistas brasileiros. Amém!
Enquanto isso tudo acontece, o Senado apodrece e emperra seus mecanismos de decisão e seus personagens tornam-se personagens de uma ópera bufa...
Tais ações não tem o cheiro de Ditadura?
Fica difícil explicar ao meu amigo Zé Povinho, que enfrenta inúmeras dificuldades provenientes da desigualdade social, tanta confusão.
Durmo preocupado com a falta de reação da comunidade mais articulada a tais absurdos.
E que ao cronista do cotidiano caberia falar de flores ou conhecer as maravilhosas trilhas que minha amiga Aída Bike nos oferece.
Mas, diante desta terrível realidade, infelizmente, não é possível.

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