terça-feira, janeiro 17, 2006

 

Biografias

O vendaval de sem-vergonhice que assola a classe política e administrativa do País, com poucas exceções, de certa forma amplificado pela mídia, trouxe a baila à questão da biografia dos indivíduos envolvidos neste bafafá.
Na verdade são histórias pessoais de pretensos “Salvadores da Pátria”, gente que se perdeu no turbilhão da história.
Lembro-me bem das primeiras eleições mais ou menos livres, na época da Revolução, em que o uso da televisão foi limitado ao máximo, e fomos invadidos por uma enxurrada de fotos mal feitas e legendas, que muitas vezes diziam que o candidato tinha sido guerrilheiro no Vale do Ribeira, ou do Araguaia, pertencera a um sem número de grupos de esquerda, terroristas ou não, e quase sempre, teria sido líder estudantil.
Após o Golpe de 64 os líderes de classe foram chamados a uma Assembléia Geral da União Colegial Municipal de Lavras (UCML), no Clube, visando destituir a diretoria democraticamente eleita, através de um ato intervencionista. E quem comandaria tal ação? Um tal de Sérgio “Galocha” que apareceu do nada e finalmente sumiu nas brumas da história. Quem ela ele? De onde veio? Quais as suas pretensões? Ninguém nunca soube, nem mesmo a ala oposicionista da entidade.
Dizer que fulano de tal pertenceu a tal entidade, estudantil ou de classe, não passa muitas vezes, de um artifício para enganar os mais tolos.
Não digo aqui que sou mais santo do que meus semelhantes. Todos nós somos produtos do meio e do momento.
Certamente as milhares de biografias existentes devem ter erros gritantes, enaltecendo personalidades que passariam sem nenhum viço na História da Humanidade.
Anos atrás tomei conhecimento de um perfil jornalístico encomendado para enaltecer os méritos de um capitão da indústria paulista. Logo percebi que haviam feito um trabalho de limpeza nos episódios que vivera, dando realce a fatos de certa forma corriqueiros e jogando ao lixo aspectos importantes, como o péssimo pai de família em que se transformara e que alcançara sucesso passando por cima de um melhor tratamento de seus empregados.
O que dizer de políticos que naufragaram na maré nauseabunda do exercício ilimitado do autoritarismo, levando de roldão uma chusma de auxiliares, que a troco de vinténs aceitaram chafurdar neste meio fétido?
Não existe biografia definitiva. Nascemos e morremos todos os dias e, conseqüentemente podemos reescrever nossa história para o Bem ou para o Mal.
Acredite com reservas em quem lhe apresenta propostas mirabolantes. Lembre-se sempre que o passado passou, o futuro a Deus pertence e que vivemos o presente alegres e satisfeitos, como dizia o Padre Sérgio.
No mais, estamos preparados a escrever belas biografias de qualquer um de nós. Lembrando sempre que só nós mesmos somos capazes de saber a nossa verdadeira história de vida...

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